SEMINÁRIO

arquitetura nas ilhas

arquitetura terroir

As paisagens transformaram-se em marcas.

Vamos discutir e analisar as transformações nestas paisagens, a habitação, o turismo e as novas formas de pressão urbana.

Procuramos compreender os desafios contemporâneos e as suas consequências em todas as ilhas dos arquipélagos da Macaronésia.

2 - 3 novembro 2024

AUDITÓRIO DA MADALENA

pico - açores

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Sobre o seminário

A arquitetura nas ilhas da Macaronésia

O termo terroir deriva do latim vulgar terratorium, que significa ‘área de uma circunscrição política’. Em francês, terroir refere-se a uma extensão limitada de terra considerada do ponto de vista de sua aptidão à agricultura e, particularmente, à produção vitícola. Pode também designar um terreno dotado de certa homogeneidade física, seja decorrente de atributos naturais (geológicas, topográficas, edáficas, climáticas, microclimáticas etc.), seja resultante de intervenção antrópica.

Seja o vinho chã de Cabo Verde, os Malvasia de Tenerife, o vinho fortificado da Madeira ou o verdelho do Pico, o vinho nas ilhas atlânticas é o resultado de um equilíbrio entre as condições físicas e as práticas culturais de cada povo que moldaram os respetivos territórios, refletindo em estado líquido o sabor de paisagens antrópica. Não obstante tratar-se de realidades distintas, quer no que toca às técnicas e sistemas de cultivo e sua evolução histórica, quer aos contextos sociais e económicos dos territórios abrangidos, estes territórios partilham o mesmo denominador comum e desafios semelhantes: a relação simbiótica e conflituosa entre a paisagem e a sua circunstância e a forma de se reinventar na contemporaneidade sem hipotecar a sua identidade coletiva. No Pico, essa identidade é diretamente proporcional à imponência da montanha. A paisagem montanha estimulou o turismo e, por sua vez, as retóricas do turismo em matéria de paisagem têm uma influência crescente na própria transformação da paisagem.

Há precisamente 20 anos, a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico foi reconhecida pela UNESCO (julho de 2004) como Património da Humanidade. O valor paisagístico e histórico-cultural do património natural e edificado da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, aliada ao seu carácter único e universal, conduziu à sua inscrição, na lista de bens Património Mundial da UNESCO, como Paisagem Cultural por constituírem excelentes representações da arquitetura tradicional ligada à cultura da vinha, do desenho da paisagem e dos elementos naturais. Essa paisagem hoje transformou-se em marca. Essa é a premissa base deste seminário que propõe, tendo por pano de fundo a Ilha do Pico, nos Açores, discutir as transformações nestas paisagens. A habitação, o turismo, e todo o ecossistema de lazer que gravita do setor serão tema de análise e debate, procurando compreender os desafios contemporâneos colocados aos arquitetos, que têm que equilibrar a memória, a vertigem da contemporaneidade e as consequências das novas forma de pressão urbana, que se por um lado vieram revitalizar a economia regional, por outro, criaram novos problemas estruturais, que não são alheios, por exemplo, à crise habitacional que atualmente experimentamos e que tem consequências em todas as ilhas do arquipélago.